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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nomeados representantes do Conjuve na Comissão Organizadora Nacional da II Conferência Nacional de Juventude

Os 15 representantes da sociedade civil para a Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Juventude já estão definidos. A lista foi definida na reunião extraordinária do Conjuve dos dias 14 e 15 de abril. Os convocados terão a responsabilidade de contribuir com o desenvolvimento e avaliação da Conferência junto com os representantes governamentais.

O principal critério para a definição dos nomes foi a divisão equitativa entre os segmentos que compõem o Conselho. As Entidades de apoio tiveram 4 vagas, os Movimentos Juvenis, 7 vagas e as entidades partidárias 3 vagas, completando com a vaga para a presidência do Conselho.

Os movimentos juvenis ainda criaram outro critério para a definição das vagas, a subdivisão por temáticas, garantindo a participação do movimento de mulheres, movimento negro, fóruns e redes, movimento estudantil, movimento religioso, juventude rural e movimento de trabalhadores urbanos.

A lista dos representantes é:

Gabriel Medina – Presidente do Conjuve / Fonajuves

Kathia Dudyk – Instituto Paulo Freire

Danielle Basto – Escola de Gente

Gabriel Alves – CPC/UMES

Nilton Lopes – CIPÓ – Comunicação Interativa

Hélio Barbosa – Rede de Jovens do Nordeste

João Vidal – UGT

Maria Elenice Anastácio – Contag

Marc Emmanuel Mendes – Juventude do PMDB

Joubert Fonseca – JSB

Murilo Amatneeks – JPT

Alexandre Piero – Pastoral da Juventude (PJ)

Danilo Moraes – CONEN

Marcela Cardoso – UNE

Paula Costa - UBM


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ALEX - Alexandre Piero
PJ - Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE)
Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Juventude 2011
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terça-feira, 12 de abril de 2011

Chacina na escola de um tempo pós-liberal

Por quê? Por quê? Após uma tragédia como a da escola de Realengo, esta é a questão. Por que as coisas ocorreram como ocorreram? Por que o ex-aluno se tornou o atirador que provocou a chacina? Algumas dessas perguntas são importantes como perguntas retóricas. Fazem parte do processo de luto que já se inicia. Outras perguntas desse mesmo tipo não fazem parte do luto, são feitas por pessoas não próximas do evento, que querem entender e criar condições para que situações assim não ocorram. Ambas são importantes. Mas, o luto é o luto; e as perguntas para prevenir, são as que pedem resposta.

A pior resposta é aquela que aponta para a “loucura” do atirador. Louco é louco. Quando dizemos que alguém foi possuído pela insanidade e atirou em outros, criando uma chacina, não dizemos absolutamente nada. Ou melhor, dizemos exatamente o que queremos ouvir: estamos diante do inevitável, pois ninguém pode saber quando alguém que, se parecendo depressivo ou solitário, irá sair disso para a “loucura propriamente dita”. Falando assim, tiramos dos ombros nossos e de toda a sociedade qualquer peso.
Outra resposta ruim é aquela que encontra na escola a culpa de tudo. A escola, que na verdade é vítima, é responsabilizada pelo crime. Os professores e diretores são, então, responsabilizados pelo fato de que um aluno, num ano indeterminado, sofreu bullying, e então voltou um dia para a vingança. Essa resposta é pior que a da “loucura”, pois ela também gera a inércia que se põe na vala do que precisamos para nos safarmos de qualquer responsabilidade, nós que não somos os professores daquela escola. Afinal, quem é que vai conseguir saber, não sendo professor lá, quando é que alguém que passou por bullying irá voltar? Aliás, em um determinado nível, a própria escola pode também não querer nem mesmo pensar no assunto, pois pode argumentar algo assim: como que é possível identificar quem sofreu bullying? Quem sofre o bullying é o silencioso, e a escola está preocupada com o “barulhento”, o “indisciplinado”, o que provoca o bullying. Não se muda essa cultura tão fácil. E, afinal de contas, ninguém quer marcar quem sofreu bullying, tudo é feito para que isso não vire um trauma, que seja esquecido. Ou esquecido seriamente ou simplesmente esquecido através da “vista grossa”.

Mas uma resposta melhor é que viria da investigação de outros elementos que criam o autor de chacinas em escolas ou coisas do tipo. Um traço comum dessas pessoas é a solidão. Os atiradores são pessoas silenciosas, com uma vida esvaziada e, enfim, com algo que todos podem notar: são sozinhas. Mas são sozinhas de uma maneira especial. Não que não tenham parentes ou amigos. Não! A questão é que elas não dividem, não contam, não conversam, não trocam. Elas não possuem necessidade de atirar em alguém, elas têm é necessidade de se comunicar. Tanto é que todos esses crimes são cometidos por pessoas que deixam cartas para serem lidas depois da chacina ou, ainda, deixam mensagens na Internet ou em outros meios em que avisam o que vão fazer, inclusive expondo motivos. Não importa se os motivos são inteligíveis ou não. Ou se são verdadeiros ou não. Ou se são trágicos ou não. A questão não é essa. Pois tudo isso é secundário. O ponto central é que a solidão e a falta de poder se comunicar, trocar informações e, enfim, ser ouvido, é o que está na base das motivações que geram o atirador que cria chacinas.

Por isso é que esses tipos aparecem mais em sociedades de massa. Os Estados Unidos e a Europa, onde todos estão com todos e, no entanto, muitos, estando com todos, estão sozinhos, são lugares onde é fácil que existam pessoas propensas às chacinas. O Brasil já é uma sociedade de massas e, por isso mesmo, também tem visto as chacinas ocorrerem. O caso da escola de Realengo não é um fato isolado. Mas, pelo número de mortes, foi para a TV, se igualando aos casos desse tipo no exterior. Todavia, quem acompanha a vida de perto sabe que a sociedade brasileira está vivendo tal coisa já há algum tempo. À medida que os jovens brasileiros puderem adquirir armas com a facilidade com que os jovens americanos as adquirem, essas chacinas serão mais espetacularmente parecidas com as dos países mais desenvolvidos. A base motivacional será, no entanto, a mesma: solidão da sociedade onde todos estão com todos o tempo todo. A solidão do excesso de não solidão. Ninguém pode mais ficar entre seus livros, na sua biblioteca, consigo mesmo – como o filósofo Montaigne dizia que ele adorava ficar. Essa solidão verdadeira, saudável, não existe mais. Na nossa sociedade a solidão é provocada pelo excesso de contato que, enfim, cria a sensação de que deveríamos ser populares, vencedores, estrelas de TV e, no entanto, não temos ainda o contato de troca como gostaríamos de ter.

Numa sociedade liberal e moderna, mas não ainda uma sociedade de massas, o que se pede aos indivíduos é que tenham as suas relações com um grupo de amigos, familiares ou de namoros. Mas numa sociedade liberal e moderna de massas, o que se exige dos indivíduos é que eles tenham um número de relações tão grande quanto o das celebridades dessas sociedades. Todos são estrelas. Devem ser estrelas. Precisam ser reconhecidos como estrelas. Precisam ser ouvidos e ganharem em trocas comunicacionais. Caso isso não ocorra, então, a saída é a destruição dessa sociedade. Se a sociedade é grande demais, eu, que sou o frustrado dessa sociedade, preciso ao menos destruir o meio mais próximo que a representa ou a representou na minha vida – a escola é um bom lugar para tal. Nesse caso, a destruição é o momento de não-anonimado. É o momento do fim da solidão. O momento da troca. A troca da dor. O contato e a vitória aparecem nessa troca. A troca da violência é, antes que vingança, um ato de solicitação da conversa. Quero ser ouvido, visto. Quero ser um indivíduo que tem um grande Facebook, que possa ser amado. Sou alguém que não é um lixo, um solitário. Ao menos na hora da minha morte.

Quando entendermos filosoficamente esse recado, talvez não possamos fazer muito pelas escolas a não ser colocar guaritas. Mas estaremos entendendo muito do que faz aparecer o autor de chacinas como a da escola de Realengo e, também, chacinas e comportamentos de banditismo em regiões pobres, ligados ou não ao tráfico de drogas. Há no banditismo em geral esse elemento de espetacularismo de quem precisa sair do anonimato. Quando entendermos isso filosoficamente, vamos entender muito do que temos construído como sociedade liberal moderna de massas ou, se quisermos, como uma sociedade pós-liberal ou pós-moderna.

© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor e professor da UFRRJ