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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Pesquisa aponta cidades onde jovens são mais vulneráveis à violência

São Paulo, 24/11/09 (MJ) – Das 266 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, apenas 10 apresentam um elevado grau de vulnerabilidade dos jovens de 12 a 29 anos à violência. A constatação é da pesquisa sobre o Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ) divulgada nesta terça-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ministério da Justiça, em São Paulo. O evento contou com a presença do ministro da Justiça, Tarso Genro.

Das cidades com elevada vulnerabilidade dos jovens, nenhuma é capital, embora muitas pertençam a regiões metropolitanas. Além disso, embora a maioria dos jovens brasileiros tenha baixo risco e histórico de convívio com a violência, quase um terço desse grupo ainda enxerga esse mal como parte do seu cotidiano.

Essas são algumas constatações apresentadas em dois trabalhos coordenados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que diagnosticam a exposição do jovem brasileiro à violência, em termos quantitativos e qualitativos. A pesquisa, que utiliza dados do IBGE, integra o “Projeto Juventude e Prevenção da Violência”.

De acordo com o levantamento, Itabuna (BA), Marabá (PA), Foz do Iguaçu (PR), Camaçari (BA), Governador Valadares (MG), Cabo de Santo Agostinho (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Teixeira de Freitas (BA), Serra (ES) e Linhares (ES) constituem os municípios brasileiros com maior vulnerabilidade à violência contra os jovens.

Já São Carlos (SP), São Caetano do Sul (SP), Franca (SP), Juiz de Fora (MG), Poços de Caldas (MG), Bento Gonçalves (RS), Divinópolis (MG), Bauru (SP), Jaraguá do Sul (SC) e Petrópolis (RJ) são as cidades brasileiras que registram os menores IVJs.

Relação com investimentos

A pesquisa também revelou que os municípios que menos investem em segurança pública são exatamente aqueles que mais expõem seus jovens à violência. Na prática, constata-se que nas cidades onde a vulnerabilidade juvenil é muito alta a despesa realizada em segurança pública, em 2006, foi de R$ 3.764 por mil habitantes, enquanto os municípios com IVJ baixo aplicaram R$ 14.450 por mil habitantes.

Na avaliação do ministro da Justiça, Tarso Genro, os dados reforçam a importância do município na prevenção à violência. “A pesquisa demonstra que o caminho que traçamos e construímos para implantar o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) está no rumo certo”.

“Isso é resultado da junção de forças o Fórum, governos estaduais e municipais, Academia, sociedade e experts das polícias na construção de um novo paradigma de segurança no país”, completou o ministro. O Pronasci está em 21 estados, no DF e em 109 municípios.

O ministro lembrou, ainda, que o Programa prioriza justamente os locais apontados pela pesquisa como vulneráveis, investindo em ações específicas para os jovens. “O levantamento aponta que a situação é difícil, é grave, mas não é desesperadora. Estamos no caminho certo combatendo a criminalidade com a força coercitiva da autoridade pública bem estruturada e políticas preventivas”, concluiu.

Faixa de risco

O levantamento apontou também que a faixa etária com maior risco de morte por violência é a de 19 a 24 anos. Usando metodologia criada pelo Laboratório de Análise da Violência, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o IVJ prevê que, em cada cidade pesquisada, 5 jovens morrerão por homicídios antes de completarem 24 anos no Brasil. Na faixa etária de 12 a 18 anos, a estimativa é que 2,38 adolescentes sejam assassinados. Entre 25 a 29 anos, a expectativa é que morram 3,73 jovens em cada município com mais de 100 mil habitantes.

A pesquisa identifica uma relação direta entre violência e participação no mercado de trabalho e escolaridade, uma vez que os jovens de 18 a 24 anos que não realizam funções remuneradas e não estudam formam o grupo no qual o IVJ é mais elevado. O indicador também confirma o “senso comum” de que aqueles que residem em domicílios com assentamentos precários, caso de favelas, são os mais expostos à violência.

O secretário de Justiça e Cidadania de São Paulo, Luís Antônio Marrey, também defendeu o desenvolvimento de políticas preventivas para reduzir os índices de violência. “Não é somente a ação policial que vai mudar essa realidade. Temos presídios lotados e vemos que isso não resolveu o problema da criminalidade. São necessários outros tipos de ações para enfrentar e prevenir a violência”, explicou.

De acordo com o presidente do Conselho de Administração do Fórum, Humberto Vianna, a pesquisa deixa explícito alguns aspectos importantes na segurança pública. “Fica cada vez mais clara a lógica de que somente com investimentos em segurança pública, com volume e geridos com eficiência, combinados com ações de integração social e cidadania é que se torna possível o enfrentamento da violência”.

Projeto Juventude

O “Projeto Juventude” visa à produção de uma pesquisa de identificação do grau de exposição à violência a que jovens brasileiros de 12 a 29 anos são submetidos. É desenvolvido a partir de um termo de parceria firmado entre o Ministério da Justiça, por meio do Pronasci, e o Fórum, organização não-governamental.

O foco do projeto são 13 estados que fazem parte do Pronasci e o trabalho está dividido em quatro módulos, estabelecidos por metodologia científica própria do Fórum: exposição da juventude à violência; sistematização de práticas ou programas de prevenção; organização de seminários de discussão com gestores de políticas de atenção aos jovens; e elaboração de cartilhas para atuação em projetos de prevenção.

A pesquisa conta com parceria do Instituto Sou da Paz, do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção ao Delito e Tratamento do Delinquente (ILANUD) e a Fundação Seade. O projeto será concluído em junho de 2010.

Acesse aqui a íntegra da pesquisa


Fonte: www.mj.gov.br/data/Pages/MJ4E0605EDITEMID794F6A8AB7F5485AA003F9424CFF1208PTBRIE.htm

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ranking da violência exclui São Paulo e Rio da liderança

As duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, não são, ao contrário do que supõe o senso comum, os lugares mais violentos para os jovens brasileiros. É o que mostra estudo coordenado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentado hoje em São Paulo, que envolveu os 266 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. No ranking, São Paulo ficou em 192º lugar e, o Rio, na 64º posição.


O estudo diagnosticou a exposição de jovens de 12 a 29 anos à violência por meio do Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IJV), desenvolvido em parceria com a Fundação Seade. O IJV mostra que o grau de exposição dessa faixa etária à violência é considerado muito alto em 10 cidades: Itabuna (BA), Marabá (PA), Foz do Iguaçu (PR), Camaçari (BA), Governador Valadares (MG), Cabo de Santo Agostinho (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Teixeira de Freitas (BA), Linhares (ES) e Serra (ES). Outros 33 municípios tiveram IJV considerado alto. Entre os municípios menos vulneráveis estão São Carlos, São Caetano do Sul e Franca, todos em São Paulo.


O ranking das dez piores cidades denota o que os dados gerais do estudo mostram: que embora espalhada por todo o País, a exposição do jovem à violência é maior no Norte e Nordeste. Renato Sérgio de Lima, secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explicou que isso ocorre porque o índice de vulnerabilidade tem como vários dados socioeconômicos como número de homicídios, escolaridade, acesso ao mercado de trabalho, renda e moradia. "Violência não é só crime, mas também uma série de outros fenômenos, como falta de escola, pobreza, desigualdade, acidente de trânsito. Isso compõe o cenário em que esses jovens vivem", afirmou.


Ele explicou, ainda, que a violência é localizada de forma mais aguda no Norte e Nordeste. Porém, como a pesquisa lida com todo o contingente de jovens e não apenas com aqueles que estão diretamente expostos esse porcentual acaba sendo ponderado e distribuído em cidades como Rio e São Paulo.


Se grandes cidades como as duas capitais se localizam em uma área "confortável" do índice, o perfil do jovem mais exposto à violência é o mesmo do encontrado em outras pesquisas do tipo: jovem de 19 a 24 anos, homens, negros. "Os mais atingidos pela violência têm um perfil muito claro e isso é muito relevante para a definição de políticas públicas", afirmou Lima.


Para o ministro da Justiça Tarso Genro, que participou da apresentação do estudo, a pesquisa derruba determinados mitos, como o de que o Rio de Janeiro tem a situação mais vulnerável. "O Rio tem problemas graves, mas a pior situação está no Nordeste, que tem indicadores sociais baixos, poucos recursos para aplicação em sistemas de segurança pública e poucas políticas preventivas, que agora estão começando com a adesão de dezenas de municípios ao Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania)", afirmou.


Genro e Lima consideraram que, embora graves, os dados mostram que a situação não é de caos absoluto. "Podemos vencer a violência e a criminalidade concentrando-nos na juventude e com foco territorial e em determinados setores sociais mais vulneráveis", afirmou Genro. "O estudo revela que temos 43 municípios com alta e muito alta vulnerabilidade, mas, por outro, lado revela que é um problema pode ser enfrentado. Não significa o caos na segurança pública", disse Lima.


A pesquisa foi feita em parceria com o Instituto Sou da Paz, do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção ao Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma organização não governamental apartidária de suporte à gestão da segurança pública no País.


Percepção da violência


O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou junto com a pesquisa sobre vulnerabilidade juvenil, levantamento realizado pelo Datafolha mostrando a percepção da violência entre os jovens de 12 a 29 anos. Dos 5.182 entrevistados em 31 municípios de 13 Estados, 31% admitem ter facilidade para obtenção de armas de fogo além disso, 64% deles estão expostos a algum risco ou história de violência e costuma ver pessoas (não policiais) portando armas.


Metade da população entrevistada declara presenciar violência policial, segundo que para 11% deles tal violência é "comum". Cerca de 88% declararam ter visto corpos de pessoas assassinadas e 8% disseram que pessoas próximas foram vítimas de homicídios.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mais de 500 jovens leopoldenses participaram da Conferência Municipal de Juventude.

São Leopoldo - O sábado ensolarado colaborou para a maciça presença de jovens que se reuniram na antiga sede da Unisinos, para decidir as políticas públicas voltadas à juventude, através da 3ª Conferência Municipal de Juventude, que teve como tema Juventude em Primeiro Plano.

Empolgado, o responsável pela Diretoria de Juventude (DMJ) de São Leopoldo, Adriano Pires, fala sobre a importância da conferência e apresenta sua equipe, dando crédito ao trabalho desenvolvido, que está no quinto ano.

“Hoje o tempo colaborou, choveu de jovens, o que comprova que a juventude leopoldense é comprometida e interessada nas políticas públicas. No estado do Rio Grande Sul são 497 municípios e apenas 25 cidades têm um órgão específico para trabalhar com políticas de juventude”, afirma.



Após a cerimônia de abertura, os cerca de 500 jovens dividiram-se em quatro grupos temáticos para discutir e avaliar, definindo demandas para serem apresentadas no Congresso da Cidade, no final do mês de novembro.

As demandas eram divididas entre Emancipação e Autonomia Juvenil; Bem Estar Juvenil; Participação e Organização Juvenil; e Políticas Afirmativas e Equidades de Oportunidades. Foram eleitos 100 delegados.

Aproximadamente 2 mil jovens participaram das 40 pré-Conferências que foram realizadas nas escolas estaduais com turmas de ensino médio e também com as turmas dos PROJOVEM (Adolescente, Urbano e Trabalhador) e do Jovem Aprendiz São Léo.



O evento foi organizado pela Prefeitura de São Leopoldo através da Diretoria de Juventude e da Comissão de Organização composta por integrantes de entidades da sociedade civil e do governo municipal e do Observatório Juvenil do Vale (Unisinos).



Deise Castilhos, 22 anos, estudante de Nutrição da Unisinos, define o momento como um espaço importante onde a juventude pode debater as prioridades. Para o estudante Guilherme Lunkes, de 18 anos, a conferência foi uma grande oportunidade para os jovens de diversas classes poderem expressar suas idéias aprovando ou não as propostas. “Participo do grupo de jovens FAU, da Igreja Católica, no bairro Duque de Caxias e gosto de discussões que buscam melhorias para a juventude”, afirma Lunkes.



Além de definir demandas, o evento serviu para aprovação das 20 propostas para a criação do Plano Municipal de Juventude e da Reformulação da Lei Orgânica Municipal onde o próximo passo será encaminhar para o Executivo, e finalizar na Câmara de Vereadores.

Fonte:Assessoria de Comunicação Social - PMSL

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Inclusão da terminologia juventude na Lei Orgânica é tema de audiência pública em São Leopoldo

Aproveitando a reformulação da Lei Orgânica do Município, a Diretoria Municipal da Juventude (DMJ) de São Leopoldo juntamente com a Comissão Organizadora da 3ª Conferência Municipal de Juventude, realizou uma audiência pública com a temática Juventude, no plenário da Câmara Municipal de Vereadores.
Presidida pela presidenta da casa, Ana Inês Affonso, a mesa foi composta pelo Diretor Institucional da Secretaria Municipal de Governo, Diego Azevedo Rosa, pelo Diretor Municipal da Juventude de São Leopoldo, Adriano Pires, pelos responsáveis do Projovem Urbano e Jovem Aprendiz São Léo, Rafael Pazinato e Rodrigo Fagundes, respectivamente. Também marcaram presença alunos e professores do ProJovem Trabalhador, totalizando mais de cinqüenta pessoas na audiência.
Reformulação

"A Lei Orgânica de São Leopoldo foi criada em 3 de abril de 1990. Desde 2005 estamos trabalhando para a reformulação. O jovem na lei municipal não existe. Por isso devemos protocolar hoje nesta audiência a demanda e levar até a 3ª Conferência Municipal de Juventude que será realizada no dia 17 de outubro, a partir das 14h, na Antiga Sede da Unisinos (rua Brasil, 725, Centro)", afirma Ana Affonso. "É a primeira vez que eu vejo esta casa lotada por jovens. O ideal seria que nas sessões de terças e quintas-feiras, a casa fosse marcada por esta grande turma jovem", comenta Diego Rosa.


Projetos

Adriano Pires falou sobre os projetos oferecidos pelo governo direcionados para a Juventude, dentre eles os PROJOVEM Adolescente, Urbano e Trabalhador e, ainda, o Projeto Jovem Aprendiz São Leo, que acolhe mais de 2000 integrantes este ano. "Queremos que a nossa cidade tenha projetos municipais, assim como estes projetos do Governo Federal", finaliza.


Inclusão

Na ata da audiência foi registrada o pedido de inclusão do termo "jovem" e a garantia dos seus direitos. Especificamente em um artigo referindo-se exclusivamente ao seguimento jovem. O debate já esta sendo feito nacionalmente através do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de nº 42/2008, que ora tramita no Senado Federal, já aprovada na Câmara dos Deputados, versa sobre a constitucionalização do tema juventude e visa estabelecer marcos legais que assegurem os direitos dos jovens.

A PEC altera a denominação do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal e modifica o seu art. 227, incluindo o termo "o jovem" no texto da Carta Magna. "Os jovens são o único grupo social relacionado à categoria etária que se encontra ausente na Constituição Federal", afirma Pires.


Experiência

Para a estudante da turma de Operador de Micro do Projovem Trabalhador, Tafili Gomes de Mendonça, 18 anos, é complicado conseguir um emprego.. No mercado de trabalho quase ninguém da oportunidade se não tiver experiência. Conforme a educadora de Qualificação Social do projeto, Andréia Meinerz, essas atividades voltadas para a juventude são bem interessantes. "Estamos trabalhando com um capítulo específico sobre a juventude e suas necessidades. Eles são bem críticos, por isso acho importante que participem como sujeitos desse processo", garante a educadora.

Nos dias 17 e 24 de novembro serão realizadas as audiências gerais, a partir das 18 horas, na Câmara Municipal de São Leopoldo, onde as demandas das audiências temáticas tomarão forma para serem votadas no mês de dezembro para a reformulação da Lei Orgânica do Município de São Leopoldo.


Primeira audiência da Lei Orgânica

A primeira audiência temática para reformulação da Lei Orgânica do município foi realizada no dia 6 de outubro, no plenário da Câmara Municipal. Promovida pela Comissão Especial que trata a nova legislação, a atividade teve a participação de vereadores, sociedade civil e a secretária municipal de Habitação, Isabela Albrecht. Os trabalhos foram conduzidos pelo presidente da Comissão, Alexandre Schuh. O grupo tem como vice-presidente, Gerson de Borba (PP), relator Ary Moura, e os vereadores Daniel Daudt Schaefer (PMDB), Fernando Henning e Cláudio D´Ávila (PSB).


Conferência

A 3ª Conferência Municipal de Juventude terá como tema "Juventude em Primeiro Plano", e ocorrerá no dia 17 de outubro na antiga sede da Unisinos, a partir das 14h. Assim como as pré-conferências, tem como público alvo, jovens entre 15 e 29 anos, órgãos gestores e entidades juvenis de São Leopoldo. São esperados pelo menos 500 participantes. Na ocasião, serão eleitos delegados para representar as demandas da juventude no Congresso da Cidade, em novembro. Para eleger cada delegado, serão necessários cinco jovens votantes.

Os principais objetivos da conferência são acompanhar o Plano Nacional de Juventude, a contribuição na elaboração e aprovação do Plano Estadual e Municipal de Juventude, contribuir na reformulação da Lei Orgânica do Município e construir o Conselho Municipal de Juventude. Além disso, mobilizar a juventude para o 1º Congresso da Cidade, fortalecer a rede social e institucional relacionada ao tema juventude e buscar formas de mudar o patamar de compreensão da sociedade sobre o tema juventude.


Comissão

A comissão composta pela Diretoria Municipal da Juventude (DMJ), integrantes de entidades da sociedade civil, do governo municipal e do Observatório Juvenil do Vale (Unisinos) avaliou as pré-conferencias realizadas até a data da reunião. "O saldo é positivo. Estes encontros estão sendo muito ricos em termos de contribuição da formulação de um esboço do Plano Municipal de Juventude que será debatido no dia 17 de outubro na Conferência Municipal de Juventude, em um debate mais ampliado", afirma o assessor da DMJ, Guilherme Louzada.



3ª Conferência Municipal de Juventude
17/10 - sábado
14 horas
Local: Antiga sede da UNISINOS
Rua Brasil, 725 - Centro

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Assassinado um jovem da Comunidade de Sant’Egidio em El Salvador

Intervenção de Dom Tomasi no Conselho de Direitos Humanos

GENEBRA, sexta-feira, 2 de outubro de 2009 (ZENIT.org).- A centralidade da pessoa humana, um contexto idôneo e a equidade são os elementos fundamentais para promover um autêntico desenvolvimento integral.
Assim sinalizou o arcebispo Silvano Maria Tomasi, observador permanente da Santa Sé na ONU, em sua intervenção, no último dia 22 de setembro, na 12ª Sessão Ordinária do Conselho dos Direitos Humanos, na cidade suíça de Genebra.

O prelado recordou, em primeiro lugar, que a atual crise financeira "mostra o grau de interdependência global das economias nacionais".

Também alertou sobre o risco de "comprometer os esforços da comunidade internacional para alcançar os Objetivos do Milênio e outros objetivos de desenvolvimento em muitos países".

Neste contexto, o arcebispo sublinhou a importância de elaborar uma lista de critérios sobre o direito ao desenvolvimento e de subcritérios necessários que giram em torno de três componentes principais: "o desenvolvimento centrado na pessoa humana, um contexto que o permita e justiça e equidade sociais".

O objetivo, de fato, é "um desenvolvimento integral do ser humano que implique a indivisibilidade e interdependência de todos os direitos humanos, assim como a relevância não somente dos resultados do desenvolvimento, mas também do processo de realização do desenvolvimento e de sua sustentabilidade", sem esquecer da "dimensão ética e espiritual da pessoa", disse.

Segundo o arcebispo, um acordo geral sobre estes critérios poderia representar um passo fundamental na direção de "uma consideração sistemática da pessoa humana, dos seus direitos e de sua dignidade, na elaboração de políticas de desenvolvimento em todos os níveis".

No processo de desenvolvimento, segundo o prelado, a pessoa humana é também agente de ajuda; e os Estados, por sua vez, têm o dever de criar, individual e coletivamente, um contexto adequado à realização do direito ao desenvolvimento, eliminando os obstáculos provocados pelas violações aos direitos humanos e apoiando o processos de desenvolvimento, sobretudo nos países pobres.

Neste sentido, o princípio de subsidiariedade adquire uma função relevante. Se a solidariedade se refere "à mobilização dos recursos financeiros e humanos para o desenvolvimento", a subsidiariedade "ajuda a identificar o nível mais apropriado de tomada de decisões e de intervenção".

A subsidiariedade "permite a participação dos beneficiários das ajudas para o desenvolvimento através do uso responsável de sua liberdade e do seu talento".

O arcebispo também recordou que a delegação da Santa Sé apoia a adoção de critérios de justiça e equidade sociais "que implicam imperativos morais que impulsionam a agir para defender os direitos humanos e para uma justa distribuição dos benefícios do desenvolvimento".

Entre estes últimos, mencionou a alimentação, a moradia, a educação, a saúde e o emprego.

Com este objetivo, exortou a promover a ação para "identificar os critérios necessários para favorecer o direito ao desenvolvimento e dialogar sobre a redução da pobreza, o perdão da dívida e a transferência de tecnologia".

"Acreditamos que, com este trabalho, estão sendo construídas as bases para que os Estados e a comunidade internacional possam trabalhar para reduzir concretamente as desigualdades econômicas e sociais - concluiu -, frequentemente causas de violações da dignidade e dos direitos humanos."

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Um em cada seis jovens está preso indevidamente

POR ALESSANDRO CRISTO
De cada seis menores detidos em casas de correção, um cumpre pena além do que foi determinado pela Justiça, de acordo com mutirões feitos pelo Conselho Nacional de Justiça em quatro estados. Depois da análise de 1.858 processos, 310 menores ganharam liberdade por estarem detidos indevidamente.

Os números mostram que, sem o esforço dos mutirões, muitos menores que já poderiam estar livres ou usufruindo de benefícios como progressão de regime não têm acesso aos abrandamentos por causa da morosidade de Justiça criminal. Os dados são de levantamento consolidado neste sábado (5/9) pelo CNJ, ao qual aConJur teve acesso.

Do 310 libertados pelos mutirões em Varas da Infância e da Juventude no Ceará, Paraíba, Mato Grosso e Espírito Santo, 115 já deveriam estar aguardando o processo acusatório em liberdade. Já 195 saíram das detenções de menores após a execução da pena – o que significa que estavam pagando mais do que deveriam pelos crimes.

No Espírito Santo a situação é a mais grave. De 784 processos analisados pelos juízes, 111 mostravam excesso de pena e 110 que a prisão provisória era inadequada de acordo com a lei.

Ao todo, já são 19 mutirões feitos pelo CNJ em todo o país, três no Rio de Janeiro, dois no Piauí e um em cada um dos estados: Amazonas, Maranhão, Pará, Paraíba, Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo. A população carcerária total desses estados é de 109 mil pessoas, incluindo mulheres e menores

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jovens não são protagonistas das ações de redução da violência

Jovens não são protagonistas das ações de redução da violência


(11/08/2009 São Paulo – Adital)



Os jovens dos bairros mais vulneráveis da cidade de São Paulo (SP) não são protagonistas das ações sociais de combate e redução da violência em sua comunidade. Esta foi a constatação da tese de doutorado intitulada ‘Juventude, Violência e Ação Coletiva’, de autoria da Dra. Fátima Madalena de Campos Lico.

A construção da tese da psicóloga durou cerca de quatro anos para ser finalizada (2005-2009) e teve como foco o jovem e a violência nas duas regiões de São Paulo que possuem o maior número de óbitos por homicídios entre jovens.

"Meu objetivo foi analisar e comparar os processos que orientam as ações coletivas e as experiências participativas de promoção da saúde dos jovens, realizadas pelas organizações governamentais e não-governamentais para o enfrentamento e resistência à violência, nos Distritos Administrativos do Grajaú e Jardim Ângela. A idéia era contribuir para a construção de uma cultura de paz e implementação de políticas públicas para a juventude local", afirma Fátima.

Por serem áreas com altos índices de violência, o Grajaú e Jardim Ângela receberam inúmeras iniciativas do poder público, de organizações não-governamentais e organizações religiosas, ligadas à Igreja Católica, com o intuito de deter os homicídios, modificar a realidade social dos jovens que ali residiam e implantar uma cultura de paz. As atividades oferecidas envolviam as áreas de educação, saúde, cultura, meio ambiente, esporte e lazer.

Mesmo com uma gama de projetos sendo oferecida à comunidade, grande parcela da população, sobretudo os jovens, ficava fora e não era atingida de nenhuma maneira. A tese apontou que os jovens que abandonavam a escola nem chegavam a ser alcançados pelas ações promovidas, tanto pela esfera pública quanto pelas entidades assistenciais e não-governamentais.

Além disso, a maioria dos projetos visava apenas atender as necessidades básicas dos jovens e tirá-los da ociosidade. Assim, não existia um envolvimento dos jovens no sentido de modificar a realidade em que vivem, e nem o protagonismo juvenil era estimulado.

Por meio de entrevistas individuais, formulários, questionários e levantamentos de dados, Fátima pôde coletar informações junto aos atores sociais (jovens, pais, lideranças, profissionais de saúde, educadores e gestores) e compreender as condições de vida e os principais problemas que afetam os jovens da região e quais as propostas para solucioná-los.

Problemas

Falta de infra-estrutura, de áreas de lazer e culturais, consumo de álcool e drogas, tráfico de drogas e transporte, ausência do poder público, moradia e urbanização precárias, insegurança, falta de cuidado com o meio-ambiente e exclusão social foram os principais problemas mapeados nas duas regiões.

"Mesmo com a grande quantidade de problemas apontados pelos jovens, principalmente o uso de drogas, o álcool e a violência, a maioria deles afirmou gostar do lugar onde moram, ter amigos e o considerar tranquilo", explica a psicóloga.

É visível que os jovens entram em contradição quando colocam a violência como um dos principais problemas e definem seu bairro como tranquilo. Mesmo com o apego à comunidade, a tese mostra que os jovens não estão envolvidos com o território no sentido de atuar sobre sua realidade para transformá-la.

Resultados

Ao final da pesquisa foi possível constatar que os projetos implantados nas comunidades surtiram efeito na redução na violência, seguida por uma diminuição em toda a cidade de São Paulo. No Jardim Ângela, por conta das ações integradas de políticas públicas terem sido implantadas há mais tempo, foi visível uma redução superior em comparação ao Grajaú. Mesmo com a queda nos índices de violência, os bairros continuam sendo os mais violentos da capital paulista.

"Ao iniciar essa pesquisa meu objetivo foi contribuir para que os jovens pudessem ser ouvidos. É necessário levar em consideração os projetos e propostas dos jovens, além de fortalecê-los como sujeitos sociais", finaliza Fátima.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

PADRE GISLEY DE AZEVEDO GOMES

PADRE GISLEY DE AZEVEDO GOMES,
TRINTA DIAS DEPOIS

EM DOIS TEMPOS

Hilário Dick

1º tempo

Reunidos, Carmem - com suas idéias sempre cheias - e eu, resolvemos convidar Gisley para visitar Morrinhos, a terra dele. E ele aceitou. Marcamos um encontro perto de uma passarela, na BR 353, em Goiânia. Fui, no dia, com o “gol” do Geraldo, perto daquela passarela combinada, mas ele não estava lá. Carmem esperaria no viaduto, mas não encontrei o viaduto. Fiz voltas e mais voltas, perguntando gente que sabia e não sabia. Por fim, cheguei ao local onde Carmem não estava, mas podia ver-me passando... Qual não foi minha surpresa (se é que isso existe) quando Gisley estava, com Carmem, esperando do outro lado da avenida.

- Que sacanagem... Mas, bom dia...
- Então vamos?
Carmem na frente e Gisley, atrás, no meio de nós.
- Estou curioso como está meu antigo corpo... disse Gisley.
- Custou muito sair do paraíso?
- Não. Mas me disseram não demorar muito porque vai ter festa no céu por todos os que deram a vida pela juventude.

E lá fomos nós na estrada que leva a São Paulo, passando em Morrinhos.
- E eu agüentar aqui os 120 km, como “caroneiro” de quem não sabe a estrada?
- Combinação é combinação! disse Carmem. “E trate de invocar seus anjos porque com o Hilário no guidão, o mundo corre riscos inesperados...”
Fomos pela estrada, com Gisley no meio de nós, espiando e reclamando porque não tinha som no carro.
- Avisou a mãe? Avisou os padres?
- Sim, disse Carmem, vamos almoçar na casa de sua mãe.

E lá fomos nós, rumo a Morrinhos, com Gisley falando dos planos que tinha e do que tinha ouvido sobre ele no paraíso. Ele falava e falava, e ria daquele jeito dele. A certa altura, disse:
- Posso dormir? Não estou mais acostumado a esta mudança de espaço. Onde estou, tudo é tão mais leve. Posso?
Com Gisley no meio de nós, dormindo, Carmem e eu nos olhamos e fomos vencendo os 120 quilômetros.
- Acho que é ali! disse Carmem. “Oi Gisley! acorda. Estamos chegando...”
- Bonita sua terra, disse eu.
- Mais bonita de quando eu jogava bolinha de gude nestes planaltos que viram esta beleza aqui crescer, disse nosso companheiro do meio, convencidinho como era.

Entrando na cidade, o que buscamos primeiro foi a residência dos companheiros de congregação. Ah! Esqueci-me de dizer que só Carmem e eu víamos o Gisley. Para os outros era invisível, porque ele havia decidido que assim seria melhor. No fundo, ele queria contemplar as pessoas amadas, mas sem atrapalhar os sentimentos verdadeiros delas.

Bem acolhidos, quem devia dar um jeito na chave daquela “capelinha funerária” onde haviam enterrado Gisley, era Adriano. Mas busca dali e de lá, a chave esta com uma senhora que foi trabalhar em Itumbiara.
- Vamos assim mesmo... disse Gisley para nós.
Adriano parecia ter ouvido uma voz e perguntou:
- O quê?
- Nada, nada... disse Carmem, disfarçando e olhando de lado para Gisley, invisível no meio de nós.
- Está bem. Levo vocês...

E lá fomos nós para o lugar em que estava o túmulo de Gisley. Ele deu a mão para Carmem, e fomos até onde se erguia, fechada, a “capela mortuária”. Lá, tanto eu como Gisley, ficamos diante da fresta da porta querendo enxergar, mas não vimos nada.
- Chiii, me esqueci! disse ele. Vocês não se lembram que eu lhes disse no caminho que eu estava lá, mas não estava?
Mas fiquei olhando, apesar disso, para a fresta que não mostrava nada. Rezei fundo, mas rápido. Depois daquelas rezas que não tem tempo, o Adriano falou:
- Agora levo vocês na casa da mãe. Venham atrás...
E fomos. Era no outro bairro. Gisley, no meio de nós, recordava tudo.
- Que susto que a família levaria se não estivesse invisível, dizia ele, rindo, no meio de nós.

A mãe, as irmãs, o cunhado, as sobrinhas todos estavam lá e só viam a nós, mas não a ele. Gisley estava no coração sofrido de todos eles e ele olhava o tamanho da dor de cada um. Enquanto, durante horas, olhávamos fotos, recordávamos, almoçávamos, misturando risos e lágrimas, o invisível ia e vinha pela casa, olhando tudo, principalmente a esperança que via nascer no coração da família. Quando íamos embora, havíamos falado da celebração que haveria na Casa da Juventude, de noite, mas ninguém quis ir conosco e lá voltamos nós.

- Que vontade doida de me mostrar para eles! disse Gisley. Mas tenho quase certeza que, ou teriam um ataque, ou não poderiam crer porque esta coisa de “outra vida” é falada de modo tão complicado quando, na verdade, a flor da esperança já está bem forte, até naquela sobrinha da qual sou padrinho...

Estando na estrada, ele, no meio de nós, de repente falou:
- Como cansam estas coisas do coração! Posso descansar?
E fomos voltando. Já perto de Goiânia, Gisley acordou.
- Olha, acho que vou voltar. Não vou ficar para a celebração. Andei lendo, contudo, nos corações das pessoas que a mãe, a irmã, as sobrinhas, o pai, os irmãos vão aparecer por lá, mesmo que não tenham dito nada. Gostaram da visita de vocês e a esperança da vida deu um pulo grande. Rezem a vida...
- Às 08h30min na CAJU, viu?
- Estarei lá.

E Gisley, de repente, não estava mais no meio de nós. As tarefas do paraíso o chamavam. Havíamos combinado que, uma semana depois, ele iria comigo (conosco) para Brasília. A celebração da noite foi linda, linda. Como o invisível gostava, não faltou incenso e muito sentimento.



2º tempo

Era sábado de manhã. Gisley combinara viajar comigo e com quem fosse com a gente, sem ser visto. Quando cheguei à CAJU, lá estava ele com aquelas vestes charmosas das quais gostava. Foi fazendo-me um gesto de silêncio e sentou-se no meio do acento traseiro, esperando que Édina, Jaciara e Regina embarcassem.
- Você não disse que o Gisley iria conosco?
- No coração de cada um de nós, respondi, piscando para Gisley no meio de nós.

Viagem tranqüila, com Regina abusando de meus erros de motorista, mas fomos.
- Uma peregrinação, não é Jaciara?
- Sim, com um companheiro que está e não vemos...
Gisley e eu nos olhávamos pelo espelho. Mais adiante o peso do espaço fez nosso companheiro invisível dormir apesar das sabedorias que Jaciara calava, que Édina ria e que Regina cantava.

Quando paramos num restaurante, na estrada, Gisley também saiu, esticando o espírito. Não gostou que eu fumasse... Voltando ao carro, não é que Édina tropeça no Gisley?
- Que é isso? disse Jaciara.
- Parecia ter gente... disse Édina.
- Chiii... parece Gisley tropicando por coisas simples, disse Regina.

E assim chegamos em Taguatinga, depois de pequenos erros. Esperava-nos a comida feita por Cláudia, Wagner e Luciene. Eder e muita gente estavam aí em espírito. Impossível saber o nome de todos eles. Gisley, ao sair do carro, olhava mais firme, não sei por quê. Ninguém o via, mas ele estava no espírito de todos. Conhecia bem aquele apartamento de amigos/as e foi na varanda contemplar a cidade que esconde, também, pessoas traiçoeiras. Olhava e perdoava. De minha parte, abraçando as pessoas parecia estar abraçando também Gisley que olhava no coração de todos e todas. Era o local da reza do Ofício Divino da Juventude, das confidências e das risadas que a vida merece.

Pelas 16h00min horas começou a parte mais dorida de nossa peregrinação. Gisley puxou-me para o lado e sussurrou:
- Estive lá antes da cruz... Não se importa se fico triste, né? É que no paraíso as tristezas são, também, alegria. Posso?

Não pude dizer nada porque os mistérios são mistérios. E lá fomos nós, buscando a tal de Brazlândia. Nossos corações peregrinos acharam a estrada comprida, perigosa e sagrada. A certa altura desviamos pra direita, numa subida de morro. Gisley parecia recordar coisas... e olhava para mim que nem sempre tenho coração de compreender. Wagner, que ia na frente, encostou o carro e nossos corações viram: uma cruz branca, com o nome de Gisley de Azevedo Gomes. Percebi que Gisley não queria descer...
- Sim! disse ele. Aqui me deixaram...

Com a devoção que encontramos em nós, todos descemos, olhamos, tocamos a cruz, olhamos o capinzal derrubado, vimos luvas abandonadas, tudo silêncio. Minutos que desenhavam uma eternidade. Aquela paisagem não é mais a mesma depois daquele dia... Gisley ficava olhando nossos sentimentos.

- Acho que os sentimentos vão mostrar-se na vida que vamos viver depois de ver estas coisas, disse Luciene.
- Que tal a idéia de construirmos, aqui, uma pequena capela? falava Wagner carregado de vontade de ver as coisas brotando a partir do sangue de Gisley que não mais se via.
- Por que não celebrar aqui o Dia Nacional da Juventude? dizia Édina.

Fiquei mudo, com raiva do local escolhido para Gisley por uma sociedade que não ama a juventude. Lugar maldito, mas que pode virar um lugar sagrado... Depende de quem?

Gisley estava olhando como a pedir para a Regina e a Jaciara que cantassem uma coisa de juventude e esperança, e nós choramos. Todos, sem saber por que... Melhor, com a paisagem inteira sabendo que só chorávamos a ausência de um amigo que, sem saber, estava no meio de nós.

Quando voltamos ao carro, Gisley já tinha partido porque o coral da esperança e da vida o esperava, no paraíso da vida. Já era tarde e o invisível não estava mais. Melhor: ele estava mais fundo de todos nós.

No “Lual” que o grupo de amigos inventou naquela noite, tudo, até as estrelas, só falavam desse amigo da juventude e de todos que se querem bem em cantos, poesias e recordações. Ali estavam miríades de amizades amando a vida através de uma aparente ausência.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A beleza e o mistério do Nascer de Novo

Hilário Henrique Dick

Há coisas muito bonitas escritas, cantadas, filmadas, choradas e um monte de outros verbos que celebram, recordam, agradecem e um monte de outros verbos que se referem ao aniversário das pessoas. Há, também, coisas horríveis que falam do nascimento. Olho, então, assustado, para Jó, amaldiçoando o dia de seu nascimento. “Morra o dia em que nasci e a noite em que se disse ´Um menino foi concebido´. Que esse dia se transforme em trevas; que Deus, do alto, não cuide dele e sobre ele não brilhe a luz” (Jó, 3, 34). Que dor mais profunda! Que desespero mais trágico!

Começando a viver meus 72 anos gostaria de dizer uma coisa simples: envelhecer é aprender a nascer! Afirmam que “nascer” não é fácil, não é agradável. É como uma flor linda com muitos espinhos... Não sei se é heresia, mas estou iniciando a navegar no aprendizado do nascer. Aliás, não é de agora; de agora é a consciência que nasce de um corpo que suspira por algo melhor porque fomos feitos para o melhor. Chamamos isso de utopia do Reino de Deus; chamamos isso de plenitude de vida. Quero dizer, com muita humildade, que a plenitude está mais próxima.


De vez em quando passeio pelas fotos de meus irmãos e irmãs. Todos mais próximos, visivelmente mais próximos da plenitude. E então fico pensando no que poderia significar aprender a nascer. Mesmo que não seja pai, consigo imaginar e perceber a alegria que traz uma nova vida. Tudo se resume em festa. Se há choro, é choro de alegria. Parece que todos, ao redor, estão nascendo também... Com o idoso que vai nascendo, contudo, a paisagem parece outra. Como se o por de sol não fosse também um nascer de novo. Ou, por acaso, a noite não faz parte do dia? Para falar de “tempo” não contamos as noites, contamos os dias... Estranho, por isso, que tenhamos que aprender a nascer de novo.

Parece que nos ensinaram a não nascer quando, de fato, todos os dias são um renascer. A gente se levanta, estica o corpo, toma um banho, faz a barba (ou aquilo que as mulheres fazem...) e tudo começa de novo. Na maioria das vezes com pressa porque a vida chama, isto é, o nascer de novo é uma ordem que todos esperam que seja de amor. Nem sempre a gente se dá conta da profundidade de um “bom dia”. Poderia ser, também, um bom renascer. Os jovens gostam da noite. É que a noite nos faz lembrar que nossa vocação é a vida. E as coisas bonitas se rodeiam de mistérios... Tatear na noite é tatear na vida. É que a vida precisa ser procurada; precisa ser descoberta, mesmo que ela esteja dentro de nós. As trevas escondem muita vida...

A criança dorme muito porque, no comecinho do nascer de novo, o nascer e o renascer se misturam. E a mãe e os irmãos e os adultos vão tentando transmitir o que é esse tal de renascer que se esconde no horizonte. E a criança pula de alegria porque adivinha que o caminho para lá não é longo. “É logo ali...” diz ela, com as mãozinhas sacudindo com a descoberta que vai tendo, sem os adultos entender nada. É que mora em nós a tentação de não querer chegar. Não querer chegar não faz bem para ninguém. Por isso a importância profunda do aprender a nascer. Mas aí me pergunto: a gente nasce ou a gente renasce? Estou querendo convencer-me que as duas são a mesma flor.

Fico olhando os adolescentes e jovens. Para eles o nascer é tão bom que afastam para bem longe a possibilidade de nascer de novo. Vivem como se o que estão vivendo e a forma como estão vivendo fosse eterno. Não gostam de cerimônia de nascer de novo, por isso Deus nos livre de velório, de cemitério e, até, de velho. Que beleza viver como se não houvesse amanhã... Enchem o mundo de sorriso e de festa porque é fantástico ter nascido. Quando um deles inventa de nascer de novo, eles ficam tristes porque não compreendem que o nascer possa ter fim. E choram... Mas choram – com muita razão - sem muita convicção. Quando olho para a juventude fico querendo me enganar porque é o diabo escondendo a bonita possibilidade do nascer de novo. Com muita verdade os jovens se enfeitam porque nascer é bom, mas correm o perigo de não se lembrar que a utopia que mora neles está apontando para o horizonte do nascer de novo. Por que seria necessário aproveitar a juventude? É que o nascer de novo – no pensamento deles – o nascer de novo não pode ser mais bonito que o nascer. É uma das lindas ilusões que Deus colocou no coração da vida: amar tão intensamente que o nascer de novo pareça não ser necessário. É o que chamamos de tesão pela vida.

O adulto já fica mais desconfiado porque, com muita resistência, começa a perceber que isso mais aquilo, aqui e acolá, tudo está ficando mais velho. Não se convence, contudo, que o horizonte esteja gritando que é preciso nascer sempre, de novo. E o adulto se amarra a si mesmo e às coisas. Fica um conservador. Não gosta mais do imprevisto e da novidade. Até começa a olhar os mais jovens com um disfarçado ciúme e começa a dizer que “sou jovem de espírito”... Puro engano! Pura inconsciência que somos feitos para sempre nascer de novo. E tratam de acumular coisas e convicções porque há um perigo rodeando a querência da vida. O corpo, sim, o corpo não pode ser abandonado à degenerescência. Quando alguém nasce de novo, o adulto já chora com mais convicção. O mistério do nascer de novo, isto é, o horizonte do nascer de novo, parece que se vai aproximando. Ele parece ver que o horizonte não se afasta mais. E isso o angustia, incomoda e até começa a rezar mais. É o medo do nascer de novo...

Fico, então, a contemplar o/a idoso/a. O/A idoso/a é alguém que quase pisa no horizonte. O/A idoso/a gosta de olhar para trás não porque o nascer foi feio, mas porque o nascer foi bonito. Resiste um pouco para olhar o horizonte porque ele está tão perto que ficou misterioso. É que no nascer de novo você tem que largar a placenta que o envolve e os olhos ficam cheios de nuvens. Aprender a nascer de novo é decifrar o mistério das nuvens. Parece, até, que o horizonte está entrando dentro dele... E ele fica desconfiado com esse novo inquilino. Alegra-se muito quando começa a achar que entende de ressurreição. Só bem devagarzinho vai descobrindo que ao nascer de novo não se pode racionalizar; o nascer de novo a gente vive. Dor aqui, dor acolá, dúvidas do tamanho de montanha e certezas da profundidade do mar. Uma mistura. O nascer de novo é uma mistura.

São algumas coisas que me dizem meus novos 72 anos. O mais bonito, no entanto, é que fui levado a pensar nestas coisas no Dia das Mães. Fiquei pensando, até, que o Dia das Mães poderia ser o padroeiro do nascer de novo porque a Mãe é o lugar onde o nascer começa e onde o nascer de novo fica no horizonte mais escondido. Por isso a beleza e o mistério do Dia das Mães. A mãe é o lugar onde começamos a perceber que existe horizonte e que o horizonte é coisa que não termina. Deus poderia ter-nos dito que no céu também tem horizontes, mas isso ele deixou para as nossas eternas descobertas.

10 de maio de 2009
Dia das Mães

quarta-feira, 29 de abril de 2009

UNESCO e MEC lançam coleção de livros

A UNESCO e o MEC lançaram a coleção de livros "Educação para Todos", com vários temas.
Há 2 livros específicos sobre juventude: "Juventude e Contemporaneidade" e "Juventudes: outros olhares sobre a diversidade".

Todos estão disponíveis em pdf, gratuitamente.

No site:

http://www.forumeja.org.br/colecaoparatodos

Declaração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil contra a redução da maioridade penal

Todas as vezes que fizestes isso a um desses mais pequenos (...) foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40)
O Brasil enfrenta uma onda generalizada de violências sob os mais variados aspectos e pontos de vista. São violências que vão desde a negação ou privação dos direitos básicos à vida até àquelas que geram insegurança, apreensão, medo.

Campanhas equivocadas criminalizam crianças, adolescentes e jovens como principais responsáveis dessas ações violentas, quando na verdade, frequentemente, os maiores culpados ficam totalmente impunes.

Os atos violentos, os crimes, o narcotráfico, envolvendo-os, a cada dia, em sua perversa trama, tiram-lhes as possibilidades de plena realização e os afastam de sua cidadania.
Neste contexto, o Senado volta a discutir a redução da maioridade penal com argumentos que poderiam ser usados também para idades menores ainda, como se esta fosse a solução para a diminuição da violência e da impunidade. A realidade revela que crianças, adolescentes e jovens são vítimas da violência. Muitas vezes são conduzidos aos caminhos da criminalidade por adultos inescrupulosos.

segunda-feira, 30 de março de 2009

CURSO DE EXTENSÃO: JOVENS CONSTRUINDO JUVENTUDE NA HISTÓRIA

Curso de Extensão
Algo que a Escola e a Academia ainda não nos mostram...
Data: Dias 28 e 29 de maio de 2009 das 19:00 às 22:00 horas
Dia 30 de maio das 8:00 às 12:00 horas
Local: Sala 1C109 – Centro de Ciências Humanas
Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo – RS
Público: Público em geral. Máximo 75 vagas

Objetivo: proporcionar uma visão histórica dos jovens construindo seu protagonismo na história, amadurecendo aspectos culturais, pedagógicos, sociológicos, políticos e psicológicos necessários para pessoas que trabalham com jovens e pelos próprios jovens.

Programa: Paradigmas no estudo da juventude e no trabalho com adolescentes e jovens; realidade e papel da juventude judaica, grega e romana; a juventude nos primeiros tempos do cristianismo e na Idade Média; a juventude nos séculos 15 a 17, com destaque aos pícaros; a Revolução Industrial e a Juventude; a juventude na primeira metade do século XX; a juventude depois de 1968.


Ministrante: Prof. Hilário Dick, doutor em Literatura Brasileira, pesquisador sobre juventude e longa experiência de trabalho com jovens.

Contribuição: R$ 25,00 para não alunos da UNISINOS e R$ 23,00 para alunos da UNISINOS.
Informações: 35908223 ramal 1119
silonf@hotmail.com e hiladick@gmail.com

Certificado para os participantes com 75% de freqüência e horas complementares.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Pacto pela Juventude é meta do Conjuve

Com 38 votos, o representante do Instituto de Juventude Contemporânea (IJC), Davi Barros Araújo, foi eleito presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve). O segundo candidato, Valério Bemfica, do Centro Popular de Cultura, obteve 12 votos. Em entrevista, Davi destaca que o governo precisa ouvir mais a juventude e que a meta do Conjuve ser a efetivação do Pacto pela Juventude.
Davi foi eleito com 38 votos A eleição, realizada na última terça-feira (10), em Brasília, durante a 16ª reunião do colegiado, contou com a participação de 50 conselheiros e registrou uma abstenção. Para a vice-presidência foi eleito Danilo Moreira, secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, que exerceu o cargo de presidente em 2008.
O Conselho é composto por dois terços de representantes da sociedade civil e um terço de representantes governamentais, que são eleitos para um mandato de dois anos. A presidência e vice-presidência são alternadas, anualmente, entre os representantes dos dois segmentos.
Criado em 2005, o Conjuve desempenha um importante papel na consolidação da política nacional de juventude e teve participação fundamental na realização da 1ª Conferência Nacional de Juventude, em abril de 2008. No ano passado, a presidência e vice-presidência foram exercidas, respectivamente, por Danilo Moreira, que é secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, e Maria Virgínia de Freitas, representante da ONG Ação Educativa.
O IJC comemora dez anos de atuação direta junto à juventude cearense e, segundo seus representantes, a eleição para o Conselho significa mais um marco na trajetória de vitórias alcançadas pelo Instituto, que começou nas pastorais sociais, a partir da necessidade de construir um instrumento de ação direta junto ao público juvenil.
Para a coordenadora de programas sociais do IJC, Camila Brandão, "David leva os princípios e os valores da Instituição e pode oportunizar ao Conjuve uma relação mais próxima com organizações e movimentos juvenis, com o objetivo de consolidar a política nacional de juventude como uma política de Estado”.
Daniel GutembergueRENAJU-CONJUVEPIAUI-BRASIL

quarta-feira, 11 de março de 2009

Livro: Juventude e Políticas Sociais no Brasil


Valor R$ 5,00

Juventude e Políticas Sociais no Brasil

Jorge Abrahão de Castro e Luseni Aquino / Brasília, 2008

Esta publicação reúne textos que abordam a inserção da temática juventude no âmbito das políticas sociais brasileiras. A primeira seção apresenta uma abordagem ampla sobre a matéria, recuperando os conceitos de juventude que têm servido como balizas operacionais para a atuação de governo e propondo a identificação das principais questões que afetam os jovens brasileiros na atualidade. As dez seções seguintes analisam as ações voltadas para a juventude executadas pelo governo federal nas várias áreas de corte social (educação, trabalho, saúde, assistência social, cultura, segurança pública etc.), colocando em perspectiva a adequação entre os temas que interessam à juventude e a forma como as políticas sociais têm lidado com o público jovem em suas estratégias de atuação. A última seção apresenta um balanço da Política Nacional da Juventude implementada pelo governo federal desde 2005, trazendo à luz alguns de seus principais avanços e as maiores dificuldades enfrentadas até o momento.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

UM TIPO DE VIOLÊNCIA QUE É PRECISO ENXOTAR

Hilário Dick

Há muitas formas de os jovens serem violentados. Uma das mais recentes e mais desavergonhadas agressões pode ser encontrada na Revista “Veja” (edição 2100, ano 42, nº7, 18 de fevereiro de 2009)[1]. Na capa da revista aparece um adolescente enorme levando o pai e a mãe pela mão, pequenos, com os dizeres “Eles é que mandam”... Em letras menores, pode-se ler: “um retrato dos adolescentes de hoje: eles são os reis da era digital, decidem o que a família vai comprar, custam caríssimo, mas estão mais desorientados do que nunca”. A reportagem “especial” intitula-se “A juventude em rede”, das p. 84-93. A chamada do artigo diz: “Como pensam e se comportam os adolescentes de hoje: filhos da revolução tecnológica, eles vivem no mundo digital, são pragmáticos, pouco idealistas e estão mais desorientados do que nunca”. Quem assina é Anna Paula Buchnalla e, no final da reportagem, tem meia página de Jerônimo Teixeira.

1. Comandam a matéria dois títulos: o da capa diz “Eles é que mandam” e o título da reportagem, como tal, “A juventude em rede”. Aparecem, no título da reportagem, dois adolescentes atrás de uma “rede”, alegres, agarrando-se ou voando atrás de uma “grade” formada por tomadas elétricas eletrônicas. Estão felizes, atrás da grade, achando-se o máximo. A reportagem inicia com uma longa citação de “O Apanhador no Campo de Centeio” de J. D.Salinger, trad. de Álvaro Alencar, Antônio Rocha e Jório Dauster. Rio de Janeiro: Editora do Autor s/d que tem como título original “The Catcher in the Rye”, com várias edições e livro de cabeceira de milhões de jovens ao redor do mundo. Infelizmente, pelo teor da reportagem, teria sido muito bom reavivar nos leitores o que é, verdadeiramente, um/a adolescente e não fazer essa elencação de exotismos e, até, ameaças de “moralismo de cueca” que o texto, envolvido em recursos jornalísticos, tenta sugerir. Não nos referimos, tanto, aos autores do escrito, mas aqueles que promovem esse tipo de reportagens.

2. Além de cinco quadros ilustrativos com dados estatísticos (“seres tecnológicos”, “to pegando tô ficando tô beijando”, “o sexo e o compromisso”, “um guarda-roupa”, “a mesada” e “o melhor lugar do mundo”) tem oito fotos, não contando as montagens: 1. os dois jovens atrás da grade; 2. um rapaz com um computador e celular, chamando-o de mentor da casa; 3. uma menina falando no celular, dizendo “muita exposição e pouca intimidade”; 4. um rapaz do colégio Dante, falando do fim das tribos; 5. namorados de 16 anos, dizendo “aliança de compromisso”; 6. a menina Ligia Lapertosa na festa de 15 anos, falando da volta das festas de 15 anos; 7. uma menina em pose de balé, com os dizeres “é tudo muito igual”; 8. três meninas amigas de leitura, com os dizeres “devoção incondicional”.

3. Algumas frases

Acentuaríamos, inicialmente, algumas frases da reportagem que afirma terem sido feitas 527 enquetes com pais e jovens de 13 a 19 anos.
“Ganhou-se em liberdade e pragmatismo; perdeu-se em encantamento e idealismo” (uma afirmação baseada no que se ouviu, mas sem fundamento).
“Quem sabe ela (a reportagem) possa subsidiar pais angustiados (e irritados) com moças e rapazes para quem de uma hora para outra, eles, antes tão adorados, se tornaram “ridículos”. (descobrir que os pais são “ridículos” pode ser uma graça: a graça da autonomia ou, então, do protagonismo).
Lendo a reportagem, não há frases específicas de pais. Quanto aos jovens (adolescentes) aparecem duas frases de adolescentes de 17 anos, duas frases de adolescentes de 15 anos, seis frases de adolescentes de 16 anos e duas frases de adolescentes de 14 anos. (Nenhuma frase de jovem; todas de adolescentes. Em geral, nenhuma afirmação que prove que o adolescente sabe pensar. Supõe-se, provavelmente, que eles não sabem...).
“Mudar o mundo não é com eles. O que querem mesmo é ganhar um bom dinheiro com seu trabalho”. “... um trabalho que os faça ricos é o sonho de 64% dos adolescentes”. (É dedução de quem acha que sabe o que eles, de fato, pensam.)
“São também mais conservadores, em relação aos valores familiares (embora os pais, lógico, sejam ridículos”). (Mais “conservadores” por quê? É muito fácil concluir algo que precisa ser provado. Sabe-se que a instituição “família” é uma das mais apreciadas por todas as classes de jovens. O fato de chamarem os pais de “ridículos” pode ter muitas tonalidades e não exatamente o que a reportagem deixa a entender.)
“É, enfim, uma juventude que vive em rede, com tudo de bom e de ruim que isso significa”. (O que seria viver em “rede”? A rede da capa?). Felipe Mendes, da Research International diz que “o que preocupa nesta geração é que eles são concretos em relação a dinheiro e trabalho, mas muito básicos em seus sonhos e impessoais e virtuais nos prazeres que deveriam ser reais”. (Afirmação que tem sentido, mas genérica, talvez fruto do que se pensa dos adolescentes e não o que os adolescentes, de fato, afirmam).
“O lado ruim é que raramente tentam aprofundar-se em algum tema...” (...) “suas decisões costumam estar envoltas em interrogações, como se a vida fosse um eterno teste de múltipla escolha”. (Qual é a situação psicológica de um adolescente, diante de um mundo que exige decisões? Quem colabora para que não aprofundem ou, então, que façam da vida uma múltipla escolha?).
“Você quer tudo e, ao mesmo tempo, não sabe o que quer” diz Marcela Luccato, de 16 anos. (Essa menina de 16 anos diz toda a verdade, dela. Ela não estaria clamando por alguém que a ajude, seja companheira, seja educadora?).
“Eles custam cinco vezes mais do que há trinta anos”. (Duas perguntas: baseada em quê vem essa afirmação e quem são estes que “custam” o que a reportagem afirma?).
“Em nove de cada dez famílias que adquirem eletroeletrônicos, a decisão de qual aparelho levar é deles”. (Quem são os/as babacas?).
“E em que reside a maior culpa dos pais de hoje? Em não saber dizer o velho, bom e sonoro “não”. (Eis um discurso que, já quase no final de reportagem, vem vindo não se sabe de onde...A resposta estaria num “não” que se desaprendeu a formular. Até pode ser verdade, mas a questão tem raízes mais profundas).
“Dá para controlar um adolescente em condições razoavelmente normais de temperatura e pressão ou, ao menos, suporta-lo sem maiores traumas? Dá”. (Veja-se o verbo: “controlar”... Parece que essa é a atitude na qual se acredita. Talvez seja isso que acontece em muitos lugares. Tem-se medo de usar o verbo “educar”... E vem cinco sugestões para cinco “casos” diferentes: quando (o/a adolescente) bebe, quando não atende celular, quando abusa do telefone, quando se expõe demais na internet, quando há excesso de discussão entre pais e filhos. Não haveria outras “atitudes” mais amadurecidas a serem buscadas, outros “casos” mais sérios a serem refletidos?)

4. Alguns dados da reportagem
92% da classe A têm celular; de 2005 a 2008 o índice de jovens que acessam a internet passou de 66 a 86%. (Claro que é a notícia que as “empresas” gostam de ver...)
87% dos pais dos adolescentes ouvem a opinião dos filhos no momento da compra dos aparelhos eletrônicos da casa. (Não haveria opiniões em outros assuntos, em outros “momentos”?)
75% já namoraram e/ou ficaram. (E daí? O que acrescenta isso para quem é pai, mãe ou adolescente? Simples prova do exótico que se busca no mundo dos adolescentes.)
51% não fez sexo. (Dado até estranho... Mas, seja o que for, qual o interesse em saber isso? Seria por que é demais ou de menos? Enfim, só faz crescer o adolescente como exótico.)
40% das garotas usam pílula anticoncepcional. (Em vez de ficar na quantidade, por que não se fala, por exemplo, da forma como os pais falam disso para as filhas já que as entrevistadas devem ter sido, também, muitas mães?)
88% discordam de que a melhor coisa da vida seja beijar muitas pessoas na mesma balada. (Parece que os adolescentes são encarados como uns “babacas” que não pensam no que fazem. Sejamos sérios: quem afirmaria o contrário em público?)
78% valorizam a fidelidade. (Vendo a sociedade em que os adolescentes vivem, é um dado exótico porque é algo incomum... Sem penetrar na profundidade dos dados, a sociedade dos adultos olhando para esta percentagem parece que larga um largo sorriso de ironia.)
58% querem relacionamento estável. (Naquilo que os adolescentes são levados a ver ao seu redor, o que diz essa percentagem?)
a mesada (segundo a reportagem), aos 13 anos, vai de 100 a 300 reais; aos 14 anos de 150 a 400 reais, aos 15 anos de 200 a 500 reais; aos 16 anos de 250 a 600 reais; aos 17 anos de 300 a 700 reais. (Mesmo sem ter dados sobre isso, quem acredita nisso? Isso vale para a educação, os livros a serem comprados, as roupas a serem usadas, etc.? De qualquer forma, um dado que agride de forma vergonhosa e abusada.)
77% dos jovens citam a casa como o lugar em que eles mais gostam de estar, seguido do cinema e do shopping. (Lugares seguros, rodeados de arames farpados, onde se tem tudo... Por um lado, bonito; por outro, horrível quando se sabe que o grande drama do adolescente é não poder ir à sua segunda casa: a rua e quando se sabe que o maior desafio do/a adolescente é aprender a tornar-se independente. Além disso, a casa é o quê? o lar? o quarto com computador e TV? o som que posso manejar do jeito que quero? A casa seria, por outro lado, o lugar de encontro com os/as amigos/as?)
76% dos jovens se dizem sempre ou quase sempre felizes. (Oxalá fosse essa a verdade... Típica resposta que se dá para dar, nada mais.)
O guarda-roupa do garoto (considerando o celular, o relógio,o jeans, o tênis, a bolsa, as sandálias de salto, o top) tem o valor de R$ 2.955,00; o da garota, de R$ 9.499,00. (São estes os dados que “Veja” apresenta. Vai-se afirmar que essa é a situação de, ao menos, 20% dos jovens que vemos nas ruas? Se não, por que apresentar estes dados? É a violência simbólica da qual a elite não quer falar...)
A mineira Lígia Lapertosa, na festa dos 15 anos, convidou 700 pessoas. Durante a festa a garota trocou de vestido três vezes e distribuiu sandálias com sua assinatura. (O que passou na cabeça dos pais ao permitir estes gastos? Em que valores esta adolescente é educada? Vamos falar, então, do deputado, criado na polícia civil, dono de um castelo? Qual a moral de uma revista ao colocar isso numa reportagem desse tipo?)

5. Reportagem desavergonhada e violenta por quê?

Gostaríamos de fundamentar o nosso repúdio a esta matéria sendo motivo de capa da Revista “Veja” baseados nalguns fatos:

a) Olhando o conjunto da reportagem, a primeira pergunta é pelo público que ela tomou em consideração. Por alguns dados escandalosos (ou isso não tem sentido?), fica evidente que a reportagem fica na classe A, isto é, dos mais ricos que podemos imaginar. Aquela que não se vê, mas se sabe onde fica... São dados que fazem arrepiar qualquer pessoa de bom senso. Ou estaríamos nós num outro planeta? Estamos frente a uma descrição onde rostos bonitos e saudáveis se transformam numa agressão que toda pessoa conhecedora da realidade juvenil, também da realidade juvenil, percebe. É uma agressão. Uma violência da qual temos vergonha de falar. Contudo, quando se fala que um dos medos da juventude e da adolescência de hoje é o medo de estar desconectado, é a isso que a juventude que se quer referir. É a violência do consumismo, castigando uma juventude que vai descobrindo, com toda a verdade, a importância da aparência. Os rostos bonitos e saudáveis, os números, as afirmações, as segundas intenções são agressões que o coração juvenil (não só da classe A, mas de todas) sente como bofetadas.

b) A reportagem não distingue “juventude” e “adolescência”. Não é um assunto sem importância, como se poderia pensar. É evidente que os protagonistas da reportagem são adolescentes (e não jovens) da elite e da elite mais sofisticada. Vejam-se os dados apontados... Imagine-se um adolescente da classe popular (a grande maioria da população juvenil) lendo as afirmações, os dados e as percentagens que aí aparecem. Por que a reportagem não traz afirmações de jovens de mais de 20 anos?

O título da reportagem fala de “Juventude em rede”. Que juventude é essa? A que “rede” a reportagem se refere? Fica claro, por exemplo, que não se lê, na reportagem, nenhuma afirmação de alguém que seja realmente jovem. Temos certeza que qualquer universitário/a (jovem!) teria vergonha de aparecer assim numa matéria de revista que sabe ter muitos leitores. O fato de a própria “rede” ser formada por tomadas de instrumentos eletrônicos não conota o discurso de que estamos frente a um público palhaço e alegre escravizado por instrumentos que são levados a consumir? É uma falta de respeito que se esconde na figura do adolescente...

c) É uma reportagem que, mais do que mostrar, esconde a juventude, tornando-a invisível... Além de os que aí aparecerem não serem jovens (porque é jovem quem já começou a aprender a afirmar-se como protagonista), utiliza-se da figura do adolescente mandando nos pais, na tecnologia, na cultura e nos costumes. É mais do que certo que quem faz esse discurso é feito pela figura que representa nem 5% da população juvenil. Não se esquece somente a juventude ou a adolescência pobre, mas a população juvenil e adolescente em geral, afirmando-se que os “adolescentes” ou “jovens” ideais são estes que as fotos e os dados apontam. Os outros não existem. São os invisíveis que a sociedade não quer ver... Isso se chama de raiva da adolescência e da juventude. Já que não podemos matá-los, matemo-los/as pela imagem. Essa é a violência que a Revista “Veja” usa valendo-se não sei de que jornalistas...

d) Além de todas as agressões, a agressão se revela sob o prisma do farisaísmo moral. Vejam-se os dados com relação ao sexo e ao relacionamento afetivo. Isso não é o discurso nem dos adolescentes nem dos jovens. É o discurso dos “adultos” que não só perderam o senso do que significa ser pai ou mãe, mas estão a quilômetros de distância do desnorteamento em que afirmam estarem os “adolescentes” que tanto bajularam quando crianças, não sabendo transmitir-lhes valores, perdendo toda e qualquer autoridade moral. Acima de tudo, a reportagem pretende indicar, soberanamente, soluções para algumas situações sofridas, sim, mas vulgares e superficias, na família. Triste todo adolescente que não soube encontrar nem no pai nem na mãe a educação que tanto sonhavam e sonham! Quem convidou as 700 pessoas para a festa da Lígia Lapertosa? Quem faz a revista “Veja” colocar na capa a frase “São eles que mandam” não tendo a vergonha de pôr os pais e as mães levados pela mão de um adolescente com vontade de ter um/a companheiro/a que caminhasse com ele/a lado a lado? Além de tudo, desmoraliza-se e se ridiculariza a família, a instituição que o jovem e o adolescente, rico e pobre, mais admira...

e) De fato, são dez páginas que são a prova mais cabal de que o grande problema não é a juventude nem o adolescente, mas uma sociedade farisaica e desnorteada que só sabe ver os culpados nos outros, especialmente os mais frágeis, em nosso caso, os adolescentes e os jovens. Não se trata de dizer que os jovens e os adolescentes são sem culpa; trata-se de começar a ver o tamanho da violência que se bate sobre eles todos os dias, a partir de casa até a festa mais exótica que é capaz de aparecer há poucas quadras de nossos queridos lares, largando no mundo o resultado de sua incompetência educativa. Não se trata de “controlar” como a reportagem afirma explicitamente, mas de “educar”.

f) A reportagem “A juventude em Rede” ou, então, “Eles é que mandam” envergonha a todos nós: sociedade, pais, educadores e também jovens e adolescentes. Não envergonha, provavelmente, os responsáveis da revista porque ela, há muito tempo desaprendeu o que é vergonha, mas continua insistindo em pensar que vamos atrás das nojeiras que espalham, revestidas de imagens que só enganam os que querem ser enganados.

[1] Para ter mais dados sobre o tema “juventude” desenvolvido pela revista “Veja” leia-se CIRNE DE CALDAS, Paulo. “Da contestação ao consumismo: a trajetória da cultura jovem nas páginas da Revista Veja (1968/2006)”. Tese de doutorado defendido na PUC/RS, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, 2007.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Semana de Voluntariado Jovem no Brasil

A Rede Nacional de Grupos, Movimentos e Organizações de Juventude RENAJU está este ano participando da Semana de Voluntariado Jovem no Brasil, que vai acontecer de 24 a 26 de abril em todo o Brasil. As informações a seguir têm o objetivo exclusivo de incentivar a prática do voluntariado e indicar alguns caminhos possíveis para que nossos membros possam encontrar um lugar para doar seu tempo, trabalho e talento. Para ser um voluntário, não é preciso ser especialista em algum assunto nem se dedicar o tempo todo a essa atividade. Basta ter interesse em ajudar. Há muitas formas de participar. Uma sugestão é procurar o Centro de voluntariado de sua cidade ou Estado, ou instituições como Lions Club e Rotary. Nesses locais, você encontra uma relação de escolas, organizações não-governamentais, hospitais e outras instituições que precisam da colaboração de voluntários. Ali você também saberá com que atividade poderá contribuir e receberá orientação sobre direitos e deveres do voluntário. Você ainda é voluntário se... *Participar de alguma campanha. Por exemplo: campanhas pela paz, pelo trote cidadão, pelo voto consciente, pela doação de sangue, pela coleta de livros, brinquedos ou agasalhos, pela reciclagem etc. *Realizar ações individuais. O voluntário pode identificar necessidades comunitárias ou individuais e agir para minorar ou solucionar esses problemas. Por exemplo: alfabetizar, dar reforço escolar, oferecer serviços específicos relacionados à sua profissão, arrecadar livros etc. *Juntar-se a grupos comunitários Dar apoio a alguma necessidade específica da comunidade: problemas específicos de urbanização, saneamento, saúde, escola pública, associação de moradores. *Formar um grupo de trabalho Identificar alguma necessidade e formar um grupo de voluntários para buscar uma solução. *Participar de projetos públicos Engajar-se em algum projeto de desenvolvimento da cidade ou de melhoria de vida da comunidade. *Procurar alguma escola pública ou particular Participar da APM ? Associação de Pais e Mestres da escola de seus filhos ou de outros projetos ligados ao voluntariado. *Procurar uma organização social Participar do corpo de voluntários de alguma organização social com a qual se identifique na área de atuação e com o público-alvo de sua preferência. *Procurar diretamente, por indicação de outros voluntários ou no Centro de Voluntariado de sua cidade. Acesse http://www.redejuvenil.org.br

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Semana Global do Voluntariado Jovem - RENAJU

Semana Global do Voluntariado Jovem - RENAJU

Olá pessoal,
Entre os dias 24 a 26 de abril de 2009, acontecerá em todo o mundo
atividades de serviço voluntariado liderado por jovens. É uma ação
global da GYAN (Global Youth Action Network). A RENAJU está sendo
convidada a integrar o diretório de Organizações membros da GYAN e
assim ajudar a fomentar suas atividades aqui no Brasil.
Seria muito interessante para nós da RENAJU se nossas Organizações
pudessemos realizar trabalhos voluntários em nossas bases
territóriais. Não precisamos de muito para fazer isso. Basta que nos
comprometamos a oferecer alguma atividade voluntária em nossas
comunidades e interligarmos essas ações com toda a rede. Imagine, se
cada entidade membro da RENAJU se prontificar a realizar uma atividade
em sua região, teremos um alcançe grande em nosso país. Estaremos
assim contribuindo para a ação da GYAN e promovendo nossa instituição.
Ainda não pensei em que tipo de atividades podemos estar oferecendo a
nivel nacional e assim disponibilizando para nossos membros realizarem
em suas localidades, mas fica em aberto para que cada entidade realize
a sua. Peço apenas que nos informe quais atividades estarão sendo
realizadas para que possasmos divulgar e assim promover nossa rede.
Maiores informações entre em contato.
Abraços
Acesse http://www.redejuvenil.org.br

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mulheres e jovens sofrem mais com desemprego.

Mulheres e jovens sofrem mais com desemprego na América Latina, diz estudo da OIT 28/01/2009As mulheres e os jovens são os mais prejudicados quando o assunto é desemprego na América Latina. Essa é uma das constatações do Panorama Laboral 2009, divulgado hoje (27) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o estudo, o nível de desocupação entre os jovens das áreas urbanas dessa região é 2,2 vezes maior que a média geral de desemprego, que foi de 7,5% em 2008. Entre as mulheres, o número de desempregadas é 1,6 vez maior que entre os homens. Quando o assunto é informalidade, as diferenças de sexo também se refletem. No caso dos empregos informais – aqueles cujo assalariado trabalha em uma empresa mas não tem acesso a seguro social e outros benefícios – a incidência entre as mulheres era de 60,2% em 2007, contra 57,4% entre os homens. Quando são analisados os empregos em setor informal, aqueles cujo trabalhador é autônomo e não tem acesso aos benefícios sociais, a realidade muda e a incidência é maior entre os homens, 41,6%, que entre as mulheres, 39,6%. O estudo da OIT ressalta que ampliar o acesso e melhorar a cobertura dos serviços de proteção social são desafios que devem ser encarados pelos países da América Latina e do Caribe, porque isso “melhora as condições de trabalho e ajuda a diminuir a pobreza”.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Fórum Social da Juventude‏

Fórum Social da Juventude 2009 vai acontecer no RS - Brasil

A 3a edição do Fórum Social da Juventude vai acontecer nos dias 23, 24, 25 e 26 de JULHO\2009 na cidade de Bento Gonçalves, serra do RS - Brasil. O FSJ vai ocorrer no Parque de Eventos da Fenavinho, com apoio institucional da Prefeitura de Bento Gonçalves.
Os integrantes do Comitê Geral Executivo de organização e realização do FSJ 2009 gostariam de convidar você, seus amigos(as), simpatizantes do FSJ, apoiadores do evento, entidades de juventudes e movimentos sociais do Brasil e Mercosul a colaborar diretamente na construção e divulgação da 3a edição que será realizada na cidade de Bento Gonçalves\RS!
As informações estão no site do FSJ- www.forumsocialdajuventude.com.br, onde a partir da metade de março\2009 vão iniciar as inscrições oficiais para o evento e reservas de hospedagens nos pavilhões cobertos do Parque da Fenavinho e Pousadas parceiras."Um Outro Mundo é Possível Construir" estará sendo realizado coletivamente na cidade gaúcha de Bento Gonçalves em Julho\2009!
A 3a edição busca um formato de Festival, com uma programação cultural e de integração muito intensa.
Venha participar desta construção e colaborar ativamente na sua realização conosco!!!
Atenciosamente

COMITÊ GERAL EXECUTIVO DO FSJ Florianópolis\SC - Sede Administrativa do FSJ

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mapa da Violência 2008 (1)

Um novo fenômeno: “se até 1999 os pólos dinâmicos da violência localizavam-se nas grandes capitais e metrópoles, a partir dessa data observou-se o deslocamento da dinâmica para o interior dos estados” (p. 7). Estuda-se os municípios por causa da “enorme relevância da participação e da iniciativa municiapl na superação dos problemas da violência” (p. 8).

Existe violência quando, em uma situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, sem em sua integridade moral, em suas posses ou em suas participações simbólicas e culturais” (MICHAUD, Y. A violência. São Paulo: Ática, 1989.)

Entre as causas de óbito, foram utilizadas: acidentes de trânsito, homicídios e óbitos por uso de armas de fogo. Para municípios com mais de 3.000 habitantes considera-se a taxa média dos últimos três anos disponíveis; para municípios menores esta taxa média é de 5 anos.

HOMICÍDIOS

De 1996/2006 verificou-se um incremento de 20% no número de homicídios. O crescimento da população foi de 16,3%. O número de homicídios cai 5,2% de 2003 a 2004 por causa das políticas de desarmamento. É que as armas de fogo sempre foram o meio fundamental para cometer homicídio em todos os anos; são seguidas pelo uso de objetos cortantes-penetrantes.

Os 556 municípios com maiores taxas de homicídio, analisados, representam 10% do total dos municípios (44,1% dos habitantes), mas 73,3% dos homicídios. Destacam-se unidades onde parte significativa dos municípios integra a presença da violência por homicídio: Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro e Roraima. O Rio Grande do Sul, entre 27 unidades federativas, está em 4º lugar em presença de menos violência, depois do DF, Santa Catarina e Tocantins. Dos 556 municípios mais violentos, o RS colabora com 3,97%, isto é, 22 municípios. Os cinco municípios mais violentos do RS , em homicídios, são Pirapó (117º lugar), Entre Rios do Sul (137º lugar), Campo Novo (141º lugar), Vicente Dutra (169º lugar) e Cerro Grande do Sul (197º lugar). Outros municípios que constam são Alvorada (252º), Porto Alegre (281º), Novo Barreiro (355º), SÂO LEOPOLDO (365º), Itatiba do Sul (370º), Braga (393º), São Nicolau (397º). Da Grande Porto Alegre aparecem, ainda: Guaíba (455º) e Canoas (545º). Chama a atenção que nesta listagem de 556 municípios, 5 são da grande Porto Alegre. Os restantes 17 municípios são de população menor. Da diocese de Novo Hamburgo só consta São Leopoldo.

Entre os 200 municípios com maior número de homicídios na população total, o Rio Grande do Sul colabora com 9, significando 4,5% do total. Estes 200 municípios concentram 47,8% da população e representam 72,8% dos homicídios. Há 21 unidades federativas em situação mais grave que a do RS. Os municípios gaúchos com maior número de homicídios são Caxias do Sul (75º), Canoas (83º), São Leopoldo (91º), Novo Hamburgo (113º), Passo Fundo (117º) e Alvorada (122º). Constam, ainda, na listagem destes 200 municípios Viamão (147º), Santa Maria (192º) e Uruguaiana (197º). A diocese de Novo Hamburgo é a única diocese que colabora com duas cidades.

Quanto ao aumento dos homicídios juvenis, cresceu 31,3% de 1996/2006. Bem maior que o aumento da população total. Entre os 100 municípios com as maiores taxas de homicídios juvenis destacam-se os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. Os 100 municípios representam 70% do total de homicídios juvenis. Os 100 municípios concentram 35% destes homicídios. O Estado mais violento, nesta perspectiva, é Espírito Santo, seguido por Rio de Janeiro e Pernambuco. O 4º Estado onde há mais homicídios juvenis é Alagoas. O RS colabora, entre estes 100 municípios, considerando as maiores taxas médias de homicídio na população jovem, com três: Vicente Dutra (11º), Miraguaí (49º) e Erval Grande (86º).

Considerando os 200 municípios com maior contribuição aos grandes números de vítimas juvenis da violência homicida, o RS (entre as unidades federativas) está em 23º lugar; estão em situação melhor Mato Grosso do Sul, Tocantins e Santa Catarina. Entre os 200 municípios com maior número de homicídios na população jovem, o RS contribui com 10 municípios: Porto Alegre (16º), Canoas (85º), SÃO LEOPOLDO (86º), Caxias do Sul (91º), Guaíba (136º), Passo Fundo (139º), Novo Hamburgo (143º), Viamão (144º), Rio Grande (188º) e Esteio (193º). Tomando os vicariatos por diocese, vemos que, novamente, a diocese de Novo Hamburgo é a única que colabora com dois municípios. Observa-se que, dos 10 municípios, 7 são da Grande Porto Alegre. Ficam fora deste “perímetro” Caxias do Sul, Passo Fundo e Rio Grande.

Sob a perspectiva da vitimização juvenil (= indicador do grau de concentração da violência letal entre os jovens), olhando 200 municípios com mais de 70.000 habitantes, com os maiores índices de vitimização juvenil, o RS, entre 27 unidades federativas, está em 13º lugar. Entre os 200 municípios na perspectiva dita, o RS colabora com 8 municípios: Esteio (13º), Guaíba (22º), Cachoeirinha (47º), Alvorada (59º), Alegrete (93º), Porto Alegre (137º), Canoas (170º) e SÃO LEOPOLDO (199º). Dos 8, 7 são da grande Porto Alegre.

ÓBITOS POR ACIDENTES DE TRANSPORTE

De 1994/2006 houve um aumento de 19% no número total de mortes, quando a população cresceu 23,2%. Verifica-se uma forte inflexão na evolução dos óbitos por acidentes de transporte. A maior percentagem (34,9%) fica com os pedestres, seguidos de carro/camionete (27,41%). Em fase de crescimento são os acidentes por motocicletas: se em 2002 a percentagem era de 16, 3%, em 2006 era de 25,1%. No universo estadual o RS, entre 27 unidades federativas, está em 11º lugar, mas Santa Catarina em 3º, considerando 200 municípios com maiores taxas de óbitos por acidentes de transporte. Há problemas estruturais na micro-região de Registro (SP). O RS, neste universo, colabora com 16 municípios, 8% do total. Destacando 5 municípios, aparecem Tio Hugo (16º lugar), Marques de Souza (19º lugar), Pouso Novo (32º lugar), todos na BR 386, mais Três Palmeiras (60º) e Bozano (64º lugar). Na BR 386 aparecem, ainda, São José do Herval (101º lugar), Fazenda Vila Nova (131º lugar) e Coxilha (156º lugar).
Por outro lado, vendo os municípios com maior número de óbitos por acidentes de transporte, pode-se perceber os focos de concentração de mortalidade e o resultado é outro. Por unidade federativa o RS é quem tem a menor percentagem, apesar de Porto Alegre estar em 13º lugar. Além disso, constam entre os 200 municípios brasileiros, Caxias do Sul (68º), Novo Hamburgo (91º), Canoas (97º), Rio Grande (108º), Pelotas (128º), Santa Cruz do Sul (144º), SÃO LEOPOLDO (147º) e Bento Gonçalves (191º).

MORTES POR ARMAS DE FOGO

92,5% dos homicídios são perpetrados por armas de fogo. Os suicídios com armas de fogo chega a 3,1%. Entre 1979 e 2003 morreram mais de 550 mil pessoas vítimas de armas de fogo. A percentagem das mortes por armas de fogo em 100.000 habitantes é de 19,3. Olhando os 200 municípios com maior número de óbitos por armas de fogo, entre 27 unidades federativas, o RS está em 18º lugar. Aparecem (entre os 200), 13 municípios gaúchos. Os que se destacam são Porto Alegre (11º lugar), Canoas (56º lugar), Caxias do Sul (67º lugar), SÃO LEOPOLDO (82º lugar), Passo Fundo (95º lugar), Novo Hamburgo (97º lugar) e Alvorada (101º lugar). Aparecem, também, Viamão (123º lugar), Santa Maria, Guaíba, Gravataí, Uruguaiana e Cachoeirinha.

Relacionando o número populacional e a taxa de óbitos por armas de fogo, em 200 municípios, destacam-se no RS municípios pequenos: Pirapó, Esmeralda, Itapuca, Cerro Grande do Sul, Irai, Braga, Vicente Dutra, Campo Novo. Só em 152º luar está Alvorada e, em 184º lugar, Porto Alegre.

Entre os 200 municípios com maior número de homicídios na população total, o Rio Grande do Sul colabora com 9, significando 4,5% do total. Estes 200 municípios concentram 47,8% da população e representam 72,8% dos homicídios. Há 21 unidades federativas em situação mais grave que a do RS. Os municípios gaúchos com maior número de homicídios são Caxias do Sul (75º), Canoas (83º), São Leopoldo (91º), Novo Hamburgo (113º), Passo Fundo (117º) e Alvorada (122º). Constam, ainda, na listagem destes 200 municípios Viamão (147º), Santa Maria (192º) e Uruguaiana (197º). A diocese de Novo Hamburgo é a única diocese que colabora com duas cidades.

Quanto ao aumento dos homicídios juvenis, cresceu 31,3% de 1996/2006. Bem maior que o aumento da população total. Entre os 100 municípios com as maiores taxas de homicídios juvenis destacam-se os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. Os 100 municípios representam 70% do total de homicídios juvenis. Os 100 municípios concentram 35% destes homicídios. O Estado mais violento, nesta perspectiva, é Espírito Santo, seguido por Rio de Janeiro e Pernambuco. O 4º Estado onde há mais homicídios juvenis é Alagoas. O RS colabora, entre estes 100 municípios, considerando as maiores taxas médias de homicídio na população jovem, com três: Vicente Dutra (11º), Miraguaí (49º) e Erval Grande (86º).

Considerando os 200 municípios com maior contribuição aos grandes números de vítimas juvenis da violência homicida, o RS (entre as unidades federativas) está em 23º lugar; estão em situação melhor Mato Grosso do Sul, Tocantins e Santa Catarina. Entre os 200 municípios com maior número de homicídios na população jovem, o RS contribui com 10 municípios: Porto Alegre (16º), Canoas (85º), SÃO LEOPOLDO (86º), Caxias do Sul (91º), Guaíba (136º), Passo Fundo (139º), Novo Hamburgo (143º), Viamão (144º), Rio Grande (188º) e Esteio (193º). Tomando os vicariatos por diocese, vemos que, novamente, a diocese de Novo Hamburgo é a única que colabora com dois municípios. Observa-se que, dos 10 municípios, 7 são da Grande Porto Alegre. Ficam fora deste “perímetro” Caxias do Sul, Passo Fundo e Rio Grande.

Sob a perspectiva da vitimização juvenil (= indicador do grau de concentração da violência letal entre os jovens), olhando 200 municípios com mais de 70.000 habitantes, com os maiores índices de vitimização juvenil, o RS, entre 27 unidades federativas, está em 13º lugar. Entre os 200 municípios na perspectiva dita, o RS colabora com 8 municípios: Esteio (13º), Guaíba (22º), Cachoeirinha (47º), Alvorada (59º), Alegrete (93º), Porto Alegre (137º), Canoas (170º) e SÃO LEOPOLDO (199º). Dos 8, 7 são da grande Porto Alegre.

ÓBITOS POR ACIDENTES DE TRANSPORTE

De 1994/2006 houve um aumento de 19% no número total de mortes, quando a população cresceu 23,2%. Verifica-se uma forte inflexão na evolução dos óbitos por acidentes de transporte. A maior percentagem (34,9%) fica com os pedestres, seguidos de carro/camionete (27,41%). Em fase de crescimento são os acidentes por motocicletas: se em 2002 a percentagem era de 16, 3%, em 2006 era de 25,1%. No universo estadual o RS, entre 27 unidades federativas, está em 11º lugar, mas Santa Catarina em 3º, considerando 200 municípios com maiores taxas de óbitos por acidentes de transporte. Há problemas estruturais na micro-região de Registro (SP). O RS, neste universo, colabora com 16 municípios, 8% do total. Destacando 5 municípios, aparecem Tio Hugo (16º lugar), Marques de Souza (19º lugar), Pouso Novo (32º lugar), todos na BR 386, mais Três Palmeiras (60º) e Bozano (64º lugar). Na BR 386 aparecem, ainda, São José do Herval (101º lugar), Fazenda Vila Nova (131º lugar) e Coxilha (156º lugar).
Por outro lado, vendo os municípios com maior número de óbitos por acidentes de transporte, pode-se perceber os focos de concentração de mortalidade e o resultado é outro. Por unidade federativa o RS é quem tem a menor percentagem, apesar de Porto Alegre estar em 13º lugar. Além disso, constam entre os 200 municípios brasileiros, Caxias do Sul (68º), Novo Hamburgo (91º), Canoas (97º), Rio Grande (108º), Pelotas (128º), Santa Cruz do Sul (144º), SÃO LEOPOLDO (147º) e Bento Gonçalves (191º).

MORTES POR ARMAS DE FOGO

92,5% dos homicídios são perpetrados por armas de fogo. Os suicídios com armas de fogo chega a 3,1%. Entre 1979 e 2003 morreram mais de 550 mil pessoas vítimas de armas de fogo. A percentagem das mortes por armas de fogo em 100.000 habitantes é de 19,3. Olhando os 200 municípios com maior número de óbitos por armas de fogo, entre 27 unidades federativas, o RS está em 18º lugar. Aparecem (entre os 200), 13 municípios gaúchos. Os que se destacam são Porto Alegre (11º lugar), Canoas (56º lugar), Caxias do Sul (67º lugar), SÃO LEOPOLDO (82º lugar), Passo Fundo (95º lugar), Novo Hamburgo (97º lugar) e Alvorada (101º lugar). Aparecem, também, Viamão (123º lugar), Santa Maria, Guaíba, Gravataí, Uruguaiana e Cachoeirinha.

Relacionando o número populacional e a taxa de óbitos por armas de fogo, em 200 municípios, destacam-se no RS municípios pequenos: Pirapó, Esmeralda, Itapuca, Cerro Grande do Sul, Irai, Braga, Vicente Dutra, Campo Novo. Só em 152º luar está Alvorada e, em 184º lugar, Porto Alegre.

[1] WAISELFISZ, Júlio Jacobo. “Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros – 2008 (1ª edição). Realização de RITLA, Instituto Sangari, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça.